Bounded Accuracy, um conceito que revolucionou a forma como se joga D&D

Olá a todos, talvez o título seja muito dramático, mas creio definitivamente que o que mais gosto da 5° edição é o Bounded Accuracy. Muitos devem estar se perguntando do que se trata isso, bom para os que não sabem se trata de um conceito de design adotado na 5° edição para que as variáveis numéricas não inutilizassem efetivamente as rolagens de dados. Uma coisa mais fácil de entender quando se volta no tempo e lembra como as coisas eram na época da 3° edição.

D&D 3.5 e o efeito Esteira (Treadmill Effect)

Bom muitos de vocês já devem ter jogado algum RPG eletrônico ou mesmo participado de uma aventura em que a ameaça progride junto com o jogador, algo bem natural diga se de passagem. Então no nível 1 o Guerreiro atacava com +5 de bônus para acertar uma CA 15 de um Hobgoblin 55% de chance nada mal. O Guerreiro no final de sua carreira enfrenta um poderoso Vampiro ele ataca com +16 de bônus contra uma CA 26, ou seja, 55% de bônus, o poder vem até ele, mas nada muda de verdade, ele anda em uma esteira.


Além do já citado looping causado pela escalada de poder natural do jogo, os inimigos iniciais ficam tão obsoletos que os Hobgoblins com seus medíocres +5 de ataque (estou chutando esses números, não lembro o BBA de um Hobgoglin de cabeça) só acerta uma CA 26 com um 20 natural. São necessários uns 100 pra começar a representar algum tipo de ameaça a ele.



Claro que eles poderiam se empilhar em cima do guerreiro e matar ele asfixiado, mas a questão que mesmo em casos menos extremos a importância do dado é mínima e isso estraga de certa forma a experiência do jogo afinal rolar os ataques só pra ver se você tira mais que 3 no dado é enfadonho.

D&D 5E e o Bounded Accuracy

Com a chegada da 5° edição os designers se preocuparam com esse fator na esperança de que isso proporcionassem uma experiência mais vibrante em todos os níveis, para isso uma série de mudança foi feita.


• Os atributos só progridem até um valor de 20 com um bônus de +5 no modificador;

• Os itens mágicos não dão bônus em atributos ao invés disso o atributo se torna um novo valor como a Luva da destreza que te deixa com destreza 19;

• As progressões de ataque, salvamento e perícias foram todas niveladas a proficiência do personagem que progride igualmente para todas as classes até os módicos +6 de bônus;

• Ao invés de dar bônus e penalidades foi incluso um sistema de Vantagens e Desvantagens, uma solução elegante que combina com o Bounded Accuracy e facilita muito a vida do mestre que não precisa somar vários modificadores;



Perceba que os números foram reduzidos e mais dados foram adicionados (existem varias mecânicas que fazem você rolar mais dados como: inspiração, manobras, magia do caos, etc.). Agora um combate com Kobolds pode ser letal até no nível 10.

E o futuro?

Creio que vai demorar para sair uma nova edição de D&D e é difícil especular qualquer coisa a respeito, o que sabemos é que D&D é um jogo que apela muito para nostalgia e embora mudanças sejam bem-vindas elas sempre têm que ser muito sutis se comparadas ao clássico.


O jogo mudou muito em cada um de suas edições (mesmo o AD&D sendo bem-parecido com o D&D em muitas coisas), e a forma de se jogar mudou também, e certas coisas não têm mais espaço como tabelas muito extensas e personagens muito "lisos" e monocromáticos, ou seja, ele precisa ter "poderzinho"


Minha aposta pessoal é que teremos jogos com mecânicas que usem aplicativos no jogo, como é uma nova tendência em alguns Boardgames, mas esse assunto eu irei deixar para uma futura postagem.