A história da peculiar edição japonesa de D&D - ReverTherio - RPG e Variedades

quarta-feira, 29 de abril de 2020

A história da peculiar edição japonesa de D&D

Saudações a todos, hoje trago um assunto que deve ser do conhecimento de muitos de vocês, se trata da edição japonesa da Rules Cyclopedia (se não sabe o que é a Rules Cyclopedia eu explico logo abaixo) lançado em 1994 no japão (não me diga). Essa edição é muito peculiar em especial pelo formato do livro e da sua arte estilo anime.




 Afinal o que é Rules Cyclopedia?




Bom, a grosso modo esse é um compilado das regras da 1° edição do D&D, mas não é exatamente a 1° edição. Dungeons & Dragons foi lançado em 1974 essa 1° edição durou até 1977 quando a TSR (antiga empresa proprietária do D&D decidiu criar 2 linhas diferentes de produtos seriam o Basic D&D (que é uma atualização de algumas regras da 1° edição) e o AD&D (eles achavam que esse Advanced Dungeons & Dragons era muito "chique") com mudanças em algumas mecânicas para "modernizar o jogo".

O Rules Cyclopedia foi lançado em 1991 e compila todo o conteúdo principal em um único livro fazendo dele um dos maiores volumes de regras todo o D&D, tinha material a dar com pau, muita coisa um jogaço.


Caso alguém tenha se perguntando são as mesmas regras da famosa "caixa vermelha" do D&D que no Brasil foi adaptada como o famigerado "D&D da GROW", as regras do D&D da GROW eram só até o nível 5 para ir além você precisaria comprar mais módulos ou conseguir um Rules Cyclopedia (e entender inglês) algo bem difícil na época.

Então qual é a desse D&D japonês

A versão japonesa tinha os "Icons" deles também, não faço ideia dos nomes deles, no caso eles sempre são identificados como "guerreiro" "mago" etc. 


Essa edição japonesa foi uma adaptação de uma empresa japonesa chamada MediaWorks que teve a tarefa de regionalizar o jogo para o gosto do público oriental. Foram feitos 3 livros, ou seja, eles dividiram o material em Livro dos Monstros, Livro do Jogador e Livro do Mestre.


As classes e raças na época eram a mesma coisa, o jogo contava com 7 opções:  Guerreiro, Mago, Clérigo, Ladrão, Halfling, Anão e Elfo
Há trechos com estilo de leitura vertical e outros na  horizontal, assim como esta nas fotos, o sentido de leitura do livro é o oriental, ou seja, da direita para a esquerda. O papel do miolo do livro é o típico papel de mangá, (um tanto frágil para meu gosto) as paginas coloridas já parecer ter uma qualidade superior


A arte invocativa antes dos capítulos era um grande chamariz para o conteúdo do jogo


O tamanho dos livros é B6 diferente do padrão ocidental (B6 é um formato comum para impressão de mangás tankoubon), sendo que algumas paginas são coloridas e o resto todo é preto e branco (como um mangá de fato).

Aqui é o capitulo de magias ilustrando a conjuração de 2 magias bem populares, Bola de Fogo e Curar Ferimentos Leves


Algumas ilustrações parecem ter fugido do Record of Lodoss War, bom não é mera coincidência que os mangás e animes da época tiveram uma forte influência no tom da arte do livro, tudo muito colorido lembrando um jogo de SNES ou quem sabe um Phantasy Star.

Essa belíssima ilustração das armas é bem "ocidental" se comparada ao estilo anime de alguns trechos, foi tomado todo um cuidado para adaptar os jogadores a armas e armaduras que vem de outra cultura


A década de 90 foi bem frutífera para o mercado japonês de RPG, obras como o já citado Lodoss além de Bastard e Slayers me veio a mente (esse ultimo foi publicado na revista Dragon Magazine do japão).

Os tipos de monstros que pode ser encontrados pelos jogadores, fácil de identificar  Dragão, Morto-Vivo, Gigante a parte visual é muito importante para se tratar de monstros

As regras não sofreram alterações na versão oriental, o jogo funcionava de uma maneira bem "simples" se comparada com o D&D 5E.

Esses monstros aqui fugiram do Dragon Quest certamente, fácil reconhecer as figurinhas carimbadas, Hidra, Minotauro, Goblin, Mumia, Ente, Dragão...
Coisas que fariam muitos jogadores estranharem o jogo seria a CA negativa (pois é quanto menos melhor, vá entender) e os limites de níveis das classes (anões só poderiam evoluir até certo nível depois paravam de ganhar níveis, simples assim).

Mais monstrengos posando para a foto, temos um Unicórnio bem mal-encarado, Ogro, Quimera, Manticora, Elfa....
Os tinham o poder "medido" por dados de vida, mas não tinha um ND para definir se era um desafio justo ou não, os jogadores só podiam contar com a sorte e com o bom senso para sobreviver.

E não para de brotar bicho desse livro, aqui temos Grifos, Harpias, Wyverns, Baleias, Elfos do Mar, Sereias e até Golfinho entre outras coisas

A questão de magia e itens mágicos era bem mais cruel, a grosso modo não haviam truques, pois muitos dos truques de hoje em dia eram magias de 1° nível, clérigos tinham de decorar as magias de cura deles, ou seja, ou curava, ou fazia algo (geralmente curava).

Havia claro uma sessão sobre como funcionava o "ecossistema" de uma masmorra padrão
 
Os itens mágicos por sua vez se assemelham mais com o D&D 5E, eles são raros de se encontrar e podem ser amaldiçoados, cabendo ao jogador identificar ele para usufruir dos seus poderes, mas não havia limite de uso simultâneo de itens originando o que futuramente seria conhecido como "efeito arvore de natal"

Pilha de itens mágicos, tirando a Vingadora Sagrada, não consegui identificar mais nenhum item ai, vocês conseguiram achar quantos? (deixa ai nos comentários)

 E hoje em dia?


Bom depois dessa edição o mercado rpgista japonês teve uma retração, e as edições posteriores de D&D foram padronizadas e não trazem artes originais. Mas posso garantir que se tivesse uma versão em português com essas regras eu jogaria, (ou mesmo em inglês sem problema). Acho esse estilo de arte nostálgico independente de ser anime ou não.

Bom por hoje é só, vou deixar vocês com mais algumas imagens do livro que consegui no site https://mystara.thorfmaps.com/appendix-j/rules-cyclopedia/, (ótimo site recomento) não encontrei mais material desse livro tendo em vista que ele é bem raro, (se até o Rules Cyclopedia original é pouco difundido imagine esse) espero um dia que existam mais versões custom dos livros básicos, quem sabe em um D&D 6° edição?











Por hoje é só grato por ler até aqui

Dark

2 comentários:

Tatiana Jiménez disse...

Olá! Não entendo de RPG, mas adoro games eletrônicos estilo Final Fantasy e amo literatura fantástica. Mas RPG me parece confuso. Um dia ainda quero aprender e compreender um pouquinho. Abraço Leitora Viciada

Dark disse...

Aposto que seria uma ótima jogadora, ter interesse é o primeiro passo. FF é um grande xodó, mas muitos outros jogos tem narrativas tão únicas que nem cabem em outras mídias, RPG nem é confuso, mas pode ficar se mal jogado heheehe, abraço.



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